Angústia
Família busca respostas para morte de bebê durante parto
Mãe reclama de falta de informações sobre o que levou ao óbito e diz que pretende levar caso à Justiça
Foto: Carlos Queiroz - DP - Gisele aguardava o filho Henry com todo enxoval pronto
Após nove meses de gestação, a chegada do pequeno Henry Daniel era muito aguardada pelo casal Gisele Schneider e Sérgio Fagundes Junior. O sonho, no entanto, não foi realizado. O bebê, que segundo a família foi fruto de uma gravidez tranquila e saudável, morreu ainda no parto, realizado no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel). Agora a família, que reclama da falta de clareza sobre o ocorrido, deseja levar o caso à Justiça para obter respostas sobre as causas da perda do bebê.
Gisele conta que, na noite do dia 1º de maio, foi ao hospital com fortes dores e contrações. Com 40 semanas de gravidez, diz que esperava o parto do filho ainda naquele dia. "Era a data prevista para meu gurizinho nascer. Eles me examinaram, disseram que eu não tinha perda de líquido nem sangramento, que o tampão mucoso ainda estava lá e me mandaram pra casa", relembra. No atendimento, Gisele afirma que nenhum problema no bebê ou na gestante foram sinalizados pela equipe.
Segundo ela, foi sugerido que, se não houvesse intercorrências, poderia retornar uma semana depois para fazer a cesárea. No entanto, logo em seguida, na manhã do dia 3, Gisele continuava com dores e contrações e voltou ao hospital. Ela conta que foi encaminhada à cesárea porque, segundo a equipe médica, o bebê estava se movimentando menos e tinha batimentos mais fracos. O procedimento ocorreu e, de acordo com a mãe, a partir daí tudo teria começado a ficar nebuloso. "Não me mostraram ele, sumiram com o guri. Depois veio a pediatra e deu a notícia de que ele tinha morrido. Ele estava bem, eu não sei o que houve até agora. Ninguém me deu explicação nenhuma", relata.
Indignação
Para Gisele, a sensação é de impotência e revolta. "Eles poderiam ter feito a cesárea no primeiro dia, mas não quiseram. Não tinha nada de errado com ele. Confiei neles e acabei perdendo o meu filho. Parece um pesadelo que a gente não acorda nunca", desabafa. A mãe relata que, algum tempo depois do parto e da notícia da morte, uma enfermeira levou o bebê até ela, que ficou cerca de meia hora com o filho antes de ser levado para sepultamento.
Outro motivo de indignação para a família é a certidão de óbito. Além de apontar o tempo errado de gestação, Gisele também reclama que o documento não apresenta informações como o nome e o tamanho que a criança nasceu. "A certidão de óbito dele está errada. Como que ninguém se deu conta disso? [Meu marido] só percebeu quando chegou em casa, ele estava muito nervoso."
O que diz o hospital
Procurado para comentar o caso, o HE/UFPel afirmou via assessoria de comunicação que se solidariza com a perda da paciente. Segundo o hospital, no dia 1º de maio a paciente procurou o local e foi atendida conforme os protocolos da instituição, da mesma forma que se deu em seu retorno no dia 3 de maio.
Sobre a certidão de óbito, também foi informado que o protocolo padrão de registro orienta o cadastro de natimortos como FM, não sendo indicado neste documento o nome que o feto receberia. Ainda segundo o hospital, bebês que nascem sem vida são pesados, mas não são medidos na unidade. Com relação ao registro incorreto do tempo de gestação, o HE disse que a paciente pode solicitar a correção e emissão de novo documento diretamente na instituição. Conforme o hospital, em nenhum momento a paciente ou seus familiares fizeram contato solicitando informações ou esclarecimentos.
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